Júlio, irmão do poeta António Feijó, estava na plateia quando deflagrou o fogo. Conseguiu sair rapidamente do teatro, descobrindo que se perdera dos amigos com quem viera. Entrou na loja fronteira e pediu um archote, para poder regressar ao Baquet quando todas as luzes se tinham já apagado. Como não conseguisse arranjar luz aí, tentou depois convencer um polícia a deixá-lo roubar a lanterna de um trem que passava na rua. E foi munido dela que reentrou (quando já havia gente a saltar pelas janelas do primeiro andar), dirigindo-se calmamente ao buffet e depois à plateia. O tecto desta estava em brasa como o interior de um forno aceso. Atravessou-a, rumando aos camarotes, onde abriu uma porta com ajuda da bengala e libertou várias pessoas presas.
Manuel Garrido Monteiro, estudante da Politécnica particularmente querido pelos colegas, salvou um a um os numerosos familiares que trouxera consigo à récita, até que entrou pela última vez no braseiro do Baquet – não tornando a sair. [.../...]»
MARINA TAVARES DIAS
em
PORTO DESAPARECIDO
O monumento dedicado às vítimas do incêndio do Teatro Baquet ainda pode ser visitado no Cemitério de Agramonte (ver «Post» anterior). No entanto, as placas que celebravam os que sacrificaram a vida a salvar o próximo - como Manuel Garrido Monteiro -, e que aparecem parcialmente fotografadas no PORTO DESAPARECIDO (em 2002), já lá não estão. Onde param elas?
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