ESTÁTUA
DE D. PEDRO
- excerto do capítulo A PRAÇA NOVA
Ao
atribuir, em 1833, o nome de D. Pedro à antiga Praça Nova das Hortas, quis a
Câmara orná-la com um monumento em honra do Rei-Soldado. Por isso, solicitou
autorização ao Governo para fundir as peças de artilharia deixadas pelo inimigo,
assim obtendo o metal necessário. Abriu-se concurso para elaboração do modelo e
subscrição pública para obtenção das verbas. O governo autorizou a pretensão.
Concorreram vários artistas mas, por falta de dinheiro, a Câmara desistiu do
intento. Em 1837, nova tentativa, igualmente falhada. Em 1862, a terceira tentativa, dando razão ao
ditado popular, foi coroada de êxito. O dinheiro da subscrição pública
continuava a ser escasso, mas a Câmara Municipal, contraindo um empréstimo,
decidiu levar em frente o empreendimento. Aberto novo concurso público, foi
escolhido o modelo apresentado por Anatole Calmels, artista que em Lisboa,
nesse momento, trabalhava no grupo escultórico do Arco da Rua Augusta.
O
monumento consiste numa estátua equestre, fundida em bronze, de D. Pedro de
Bragança segurando na mão direita a Carta Constitucional e na esquerda as
rédeas do cavalo. Apoia-se numa base de pedra lioz, desenhada igualmente por
Calmels, decorada com as armas da cidade do Porto, com as da Casa de Bragança e
com dois relevos, originalmente em mármore de Carrara. Num desses relevos
representa-se, no momento do desembarque das tropas liberais em 1832, a entrega
da Bandeira, destinada ao regimento dos Voluntários da Rainha, por D. Pedro a
um soldado desse mesmo regimento. No outro motivo escultórico, vê-se a entrega
ao Presidente da Câmara da urna contendo o coração de D. Pedro que, doado em
testamento à cidade, se conserva actualmente na Igreja da Lapa. Quando foram
retiradas as grades que protegiam o grupo escultórico, temendo que pudessem os
relevos de mármore ser danificados, deliberou o Município substitui-los por
réplicas em bronze. [.../...]
Com
a presença dos reis D. Luís e D. Fernando, no meio de salvas, repique de sinos
e girândola de foguetes, realizaram-se os festejos da inauguração, a 19 de
Outubro de 1866. Fazendo guarda de honra, envergando os seus velhos
uniformes, lá estavam os veteranos das lutas liberais.
[.../...] Do centro da Praça Nova viu a estátua de D.
Pedro muita coisa alterar-se à sua volta. [.../...] Popular e cúmplice de múltiplos acontecimentos, continua como um dos símbolos da cidade.
MARINA TAVARES DIAS
MÁRIO MORAIS MARQUES
PORTO DESAPARECIDO
copyright 2002
Foto actual:
Marina Tavares Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário