«Os anúncios pintados na fachada lateral de certos prédios fizeram época em quase todas a cidades europeias. Os arqueólogos urbanos rebuscam agora, sempre que um prédio mais recente é demolido, vestígios da empena original do edifício contíguo, para descobrirem alguma publicidade que, oculta durante séculos, possa ressurgir à luz do dia, sem que o tempo a tenha tisnado.
Assim se recuperaram algumas pinturas centenárias alusivas às bolachas LU ou aos chocolates Ménier, por exemplo.
Em Portugal, as empenas publicitárias duraram até mais tarde, e foram várias vezes restauradas pelos donos das respectivas lojas ou produtos. Poderíamos ter aproveitado isso para mostrar ao viajante aquilo que raramente se encontra noutros locais.
Mas continuamos a caiar estes tesouros do século XX, em parte por causa de uma lei que obriga a pagar publicidade na via pública. Aparentememte, os municípios nem sequer contratam como fiscais de tal disparate pessoas que saibam, pelo menos, distinguir uma publicidade antiga de um letreiro acabado de fazer.
E foi assim que, há meia dúzia de anos, o Porto perdeu o célebre «preto da Casa Africana».
Marina Tavares Dias
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