GUICHARD
«[...] Poucos anos depois, um outro café abriria na Praça de D. Pedro, no edifício que fora dos frades dos Congregados, duas portas adiante da esquina que torneja para o templo. Feio lhe chamaram, de mau gosto o apelidaram e, no entanto, esse café, o Guichard foi, e talvez continue a ser, o café mais famoso da cidade do Porto.
A seu respeito profetizou Júlio Dinis: "...há de merecer uma menção honrosa na história da literatura portuense". Na realidade, por aí passaram quase todos os nomes da geração de escritores românticos do Porto. Camilo é o mais conhecido, e os seus primeiros anos de permanência na cidade do Porto confundem-se com peripécias e aventuras centradas neste famoso botequim.
Em Serões de S. Miguel de Seide, numa das inúmeras referências que deixou a propósito do Guichard e de um dos seus frequentadores, Camilo escreve: "Em 1849 era João Roberto de Araujo Taveira um dos mais galhofeiros e satiricos rapases da phalange do café Guichard - que eu chamava uma colmeia onde se emmelavam doces favos de espírito, se aquelle botequim não fosse antes um vespereiro que desferia, às revoadas, ferretoando os bócios dos gordos philistinos da Assembleia e as macias espáduas lácteas das suas consortes no coração e nos ádypos". [...]
Continua no
PORTO DESAPARECIDO
livro de
MARINA TAVARES DIAS
e
MÁRIO MORAIS MARQUES
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