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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Capítulo A BRASILEIRA (excerto)

Com o mesmo ar ladino do fundador da casa, e como ele emblemático do estabelecimento, o «velhote da chávena», logotipo da Brasileira desde 1903, estabeleceu-se como símbolo único em Maio de 1910. Antes disso, o cabeçalho do jornal mostrara uma senhora brasileira à mesa do café (a identificação era fácil, pois estava sentada entre folhas de palma, com um papagaio). E embora a estampa do velho de casaca fosse ocasionalmente usada nos anúncios em fototipia, ainda não se encomendara uma versão «portuguesa» do cartaz. Isto porque, ao contrário daquilo que foi crença ao longo das gerações, o célebre símbolo não teve origem nacional. Adriano Telles e Adolpho de Azevedo tinham-no escolhido entre muitas litografias semelhantes, num catálogo alemão impresso em Leipzig. Mais tarde, o segundo utilizaria a versão feminina para adornar a fachada da Brasileira de Braga.


Nas preciosas pisadas do seu reinventor, o «velhote da chávena» viria a envolver-se também em polémicas várias, quando, separadas as Brasileiras umas das outras (as do Porto, de Lisboa e de Coimbra), cada novo proprietário tentou registar a marca – devidamente acompanhada do slogan «O Melhor Café é o da Brasileira» - como sendo sua. Perdida a patente para a então já única Brasileira lisboeta (a do Chiado), tentou a casa-mãe, ao longo dos anos 60 e 70, impor novo logotipo, com uma mão a derramar grãos de café. Em vão: «o velhote da Brasileira» era tão célebre como «o preto da Casa Africana». Lisboa teve de travar represálias, ou nunca sairia da barra dos tribunais. O velho símbolo manteve-se na fachada, nos guardanapos e nos calendários. De vez em quando, para não dar muito nas vistas, lá alternava com o novo…

Em PORTO DESAPARECIDO,
de MARINA TAVARES DIAS 
e MÁRIO MORAIS MARQUES.
Copyright 2002. 
Todos os direitos reservados.




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