Com o mesmo ar ladino do fundador da casa, e como ele
emblemático do estabelecimento, o «velhote da chávena», logotipo da Brasileira
desde 1903, estabeleceu-se como símbolo único em Maio de 1910. Antes disso, o
cabeçalho do jornal mostrara uma senhora brasileira à mesa do café (a
identificação era fácil, pois estava sentada entre folhas de palma, com um
papagaio). E embora a estampa do velho de casaca fosse ocasionalmente usada nos
anúncios em fototipia, ainda não se encomendara uma versão «portuguesa» do
cartaz. Isto porque, ao contrário daquilo que foi crença ao longo das gerações,
o célebre símbolo não teve origem nacional. Adriano Telles e Adolpho de Azevedo
tinham-no escolhido entre muitas litografias semelhantes, num catálogo alemão
impresso em Leipzig. Mais tarde, o segundo utilizaria a versão feminina para
adornar a fachada da Brasileira de Braga.
Nas preciosas pisadas do seu reinventor, o «velhote da
chávena» viria a envolver-se também em polémicas várias, quando, separadas as
Brasileiras umas das outras (as do Porto, de Lisboa e de Coimbra), cada novo
proprietário tentou registar a marca – devidamente acompanhada do slogan «O
Melhor Café é o da Brasileira» - como sendo sua. Perdida a patente para a então
já única Brasileira lisboeta (a do Chiado), tentou a casa-mãe, ao longo dos
anos 60 e 70, impor novo logotipo, com uma mão a derramar grãos de café. Em
vão: «o velhote da Brasileira» era tão célebre como «o preto da Casa Africana».
Lisboa teve de travar represálias, ou nunca sairia da barra dos tribunais. O
velho símbolo manteve-se na fachada, nos guardanapos e nos calendários. De vez
em quando, para não dar muito nas vistas, lá alternava com o novo…
Em PORTO DESAPARECIDO,
de MARINA TAVARES DIAS
e MÁRIO MORAIS MARQUES.
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Todos os direitos reservados.
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