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domingo, 9 de março de 2014

CAMILO E A FOZ



A oitocentista Foz do Doura numa gravura
de As Praias de Portugal, de Ranmalho Ortigão


Em 1826, morava na travessa do Caramujo, em S. João da Foz, uma família de Amarante, que viera a banhos, e constava dos seguintes membros:

Pantaleão de Cernache Telo Aboim de Lencastre Maldonado e Sousa Pinto de Penha e Almeida; sua mulher, D. Amália Vitória Rui da Nóbrega Andrade e Vasconcelos Tinoco dos Amarais; sua filha, Hermenegilda Clara, com todos os apelidos paternos, e cinco de sua mãe; duas criadas graves; uma cozinheira, casada com o lacaio; um escudeiro preto; um galego adjunto à cavalariça; dois cães de lobo; e finalmente, uma cadelinha atravessada de cão de água e galga.

Eu, João Júnior, que estas coisas ponho em escri­tura para memória eterna, morava na rua de Cima de Vila, e da minha janela vi muitas vezes na sua o sr. Pantaleão, homem de cor de lagosta cozida, com cabeleira azulada pela acção do tempo, olhos refegados com debrum escarlate, papeira ampla como a dos cretins dos Alpes, e nariz poliedro como uma castanha do Maranhão.

CAMILLO CASTELLO BRANCO
in
SCENAS DA FOZ

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