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sábado, 29 de março de 2014

AS TERTÚLIAS DO GUICHARD NA PRAÇA NOVA

PORTO DESAPARECIDO©
Marina Tavares Dias

Mário Morais Marques.

Poucos anos depois, um outro café abriria na Praça de D. Pedro, no edifício que fora dos frades dos Congregados, duas portas adiante da esquina que torneja para o templo. Feio lhe chamaram, de mau gosto o apelidaram e, no entanto, esse café, o "Guichard", foi, e talvez continue a ser, o mais famoso da cidade do Porto.

 A respeito profetizou Júlio Diniz: "[...] há de merecer uma menção honrosa na história da literatura portuense"*. Na realidade, por aí passaram quase todos os nomes da geração de escritores românticos. Camilo é o mais conhecido, e os seus primeiros anos de permanência na cidade do Porto confundem-se com peripécias e aventuras centradas no famoso botequim. 

Em "Serões de S. Miguel de Seide", numa das inúmeras referências que deixou a propósito do Guichard e de um dos seus frequentadores, Camilo escreve: "Em 1849 era João Roberto de Araujo Taveira um dos mais galhofeiros e satiricos rapases da phalange do café Guichard - que eu chamava uma colmeia onde se emmelavam doces favos de espirito, se aquelle botequim não fosse antes um vespereiro que desferia, ás revoadas, ferretoando os bócios dos gordos philistinos da "Assembleia" e as macias espaduas lácteas das suas consortes no coração e nos ádypos"*. 

Esclareça-se que a "Assembleia" era a Assembleia Portuense, antepassada do Clube Portuense, sendo os seus frequentadores o alvo preferencial dos ataques violentos e mordazes dos rapazes do Guichard.

(CONTINUA NO LIVRO)


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